O lançamento de livros dos escritores africanos Mia Couto e José Eduardo Angalusa marcou, nesta quinta-feira (21), o encerramento do Encontro Internacional de Escritores de Língua Portuguesa, evento realizado durante três dias na Fundação da Memória Republicana Brasileira (FMRB), no Convento das Mercês, em São Luís.
Vencedor do Prêmio Camões, o escritor e biólogo moçambicano Mia Couto retorna ao Maranhão para lançar sua última obra, “A cegueira do rio”, romance que aborda a luta contra o esquecimento da memória coletiva.
Couto é o escritor moçambicano mais traduzido no mundo e sua obra já foi adaptada pelo cinema maranhense, no curta-metragem “Acalanto”, filme que venceu cinco prêmios no Festival de Gramado de 2013. Para Mia Couto, eventos como o Encontro Internacional de Escritores de Língua Portuguesa favorecem a troca de experiências entre escritores e leitores.
“Eu quero que as pessoas leiam os livros e realmente façam essa ponte, que é muito íntima entre um leitor e um escritor. Que emoção isso me provoca agora, me apetece escrever mais, me apetece continuar este ofício de ser os outros, porque no fundo o escritor faz essa viagem”, sublinhou Couto.
A outra obra lançada no encerramento do encontro foi “Mestres dos Batuques”, do angolano José Eduardo Angalusa. O livro discute questões de identidade e de pertencimento, subvertendo estereótipos e ideias predefinidas, ao mesmo tempo em que expõe os crimes e contradições do processo colonial português no continente africano.
“Este é um romance cuja ação se passa sobretudo no início do século XX. É uma história contada por uma mulher que está no presente, contando a história de amor dos seus avós. E também como ela teve acesso a determinados conhecimentos que acabam por ser importantes no desfecho da história”, descreve Angalusa.
Encontro lusófono
Realizado pelo Instituto Casa do Autor Maranhense e pela FMRB, o Encontro Internacional de Escritores de Língua Portuguesa faz parte do projeto Conversações de Além-Mar e contou ainda com palestras, interação com o público, sessões de autógrafos e reuniões.
“Nós temos muito em comum com os outros países de Língua Portuguesa, sobretudo no continente africano. A nossa colonização foi em comum, nós temos ritmos em comum, nós temos traços culturais muito fortes que formaram a nação brasileira e que formaram também os povos africanos”, pontuou o presidente da FMRB, Kécio Rabelo.
Nos três dias de evento, o encontro atraiu grande público, entre eles, o médico Marcos Campos, que ficou sabendo do encontro via redes sociais. “É uma oportunidade de termos contato com autores renomados. A presença deles aqui acaba incentivando a gente a conhecer o processo criativo do escritor”.
FONTE: GOVERNO DO ESTADO